A construção de uma nova era de paz e solidariedade acontece por intermédio de um processo que ocorre sempre de dentro para fora, fluindo do nosso coração para o mundo ao redor. Tudo o que existe fora do homem, antes existiu dentro dele; antes de se colocar a sua frente e materializar-se em palavras, ações ou objetos, passou por processo criativo, foi moldada por subjetividade e produto de abstrações de um mundo singular onde cabe todo um plural.
A humanidade caminha para a bondade, para o que é bom e belo. Assim a natureza fundamental do homem quer; pretende um caminho de flores e bons odores, boas sensações e sentimentos para todos; um caminho percorrido com o Amor. Mas este brota do mais profundo do ser, de sua essência mais pura e divina. Brota do ser uma alma de Deus e para ele, não da satisfação simples de necessidades ou desejos.
A construção de uma nova era de paz é antes fruto do processo de cura de muitas feridas, de muitas trocas de pele -metarmofoses-, muitos vôos, quebras de asas e recomeços. O belo provém da divina dor. A sagrada dor nos torna inteiros, humanos e aptos a construir com beleza e leveza pontes que dão para a felicidade da celebração. Assim como heróis. Mas é preciso lembrar que construir pontes é uma árdua tarefa e, por tanto, dizimada por muitos desencorajados e sem vigor, por inertes que se ocupam em apenas passar pela vida e deixar que ela passe, que o tempo os atravesse, sem sequer refletir e ansiar por um nobre sentido ou lutar por uma causa maior que o saciar dos desejos do ego de uma forma tão egoísta quanto destrutiva.
Tudo isso se vincula muito bem com a velha história da porta larga e porta estreita por onde escolhe-se passar:
“Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem”. (Mateus 7.13-14)
A porta estreita representa a vida espiritual, a esperança, luminescência, enquanto que a larga representa a morte, uma vida sem luz, mortificada pelos desejos da carne, por sombras projetadas de um interior débil que nada aprendeu a cerca de ser humano, de uma subjetividade e inteligência inaproveitada e atrofiadas. A luz, essa energia explendorosa, sensível e intensa onda eletromagnética, só pode ser vista, sentida e refletida por aquele que nas trevas mergulha com ousadia e fé; este sai com bem aventurança.
Diante disso, podemos pensar:
- Por quais portas acabamos por optar passar e como passamos por elas?
- Estaríamos despertos para aprender com as dificuldades e facilidades postas em nosso caminho na viajem-jornada que representa a vida?
Assim, por mais que já tenha escolhido e sentido o doce sabor das portas largas e algum desabor na passagem por portas estreitas, talvez se permita deixar-se ensinar pela dor do variável grande prazer de uma vida que merece ser vivida com afinco, em prol de um todo. Onde o que merece verdadeiro empenho para se obter é o valor que se encontra nas boas emoções exprimidas por sopros de vida fora de nós, como em sorrisos em rostos alheios. Isso nos realiza.
Laís Larissy
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ResponderExcluirA dor geralmente é inevitável. Passamos por episódios na vida, que nos colocam no limite da tolerância física, mental e espiritual. Há um instante que percebemos sem falsa ilusão, uma impotência arraigada em nossas ações ditas corretas, que obrigam uma imersão nas vontades e desejos como ideal de sobrevivência as dores do mundo que é posta a nós involuntariamente.
ResponderExcluirAssim, passamos do instante que a dor se fez sofrimento para uma merecida liberdade, satisfação e realizações nos diversos campos da alma e do corpo.
Álvaro de Siqueira Manhães