sexta-feira, 29 de junho de 2018

Mulher


Ela é amante 
Quem lhe manda é o coração 
Sua missão é ser calmante. 

Na guerra ela é a flor 
É só amor 
Sua pureza lhe constrange. 

Suas feridas quase não revela 
As mais doces palavras vêm dela 
Da civilização é fator determinante. 

Dentro do seu abraço o desgelo acontece 
Tudo se esquece 
A força do amor aquece. 

Braços longos, peito aberto, coração quente e ferido, 
Sorriso cativante!
Abraça uma multidão 
E de si abre mão 
Em seu ventre faz-se a geração. 
... 
Ser mulher... 
Ser mulher é ser canção 
É preparar o homem-cidadão 
Em suas mãos pode estar o futuro de uma nação. 

Ser mulher é ser promessa 
É ser árvore da vida 
É Missão Divina; 
Doação sem fim. 

A mulher é terra fértil 
Personificação da força 
Audácia da educação 
É o folego perdão 
Respiração e inspiração sem fim. 

A mulher é a riqueza da nação! 
Maria por missão, 
Amor em dimensão. 
Sem a mulher, ninguém sobrevive não. 

Então,  
Homens do meu pais façam sua mulher feliz!
Ela merece muito mais que um dia de admiração. 

L.L.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Viagens pelo inconsciente dela

O silêncio, no silêncio é onde ouço ecoar as tênues e graves discussões entre o eu e ela. Nesse espaço os pensamentos perpassam um pelo outro como flashs de alguma realidade percebida, e, muitas vezes, nem ao menos esses pensamentos se sustentam ou vinculam-se, em matéria de assunto, a outros, quando deviam dar uma devida continuidade ao tema. E isso se chama desordem. E isso, se chama bagunça do entulho que a gente acumula na consciência inconscientemente. É que basta aquietar-se para que os eniados apareçam em nossa frente. Para que toda a despensa seja remexida pelo agito do estar só, bastam alguns instantes de tempo, uma viajem secreta do momento presente; espaço e tempo são a matriz da existência, o eu e o ela só existe no pensamento. E se dispõe-se de mais tempo para viajar milhas e milhas sem sair do lugar, então, toda a dispensa vai ao chão de vez. 
Rondada pela busca... ela busca seu eu, seu eu a busca. O fato, é que não sei se é muito agradável por aquela roupa mais velha, aquela de ficar em casa, quando não se tem visitas, para futucar todo aquele lixo emocional, para acessar todos aqueles conteúdos já tomados pela fina camada de poeira, para depois sair de lá imunda; de outra cor, com bolsas de baixo dos olhos, nariz vermelho e espirrando até a morte, de tanta poeira que se fez, de tanta coisa que se limpou, organizou, reorganizou e jogou fora. Não se pode viajar ao deserto de si e sair ileso, lá é uma guarida onde guardamos tesouros e quinquilharias, logo um lugar de indecisão,  de confusão. Um lugar pouco frequentado por quem vive nesse mundo moderno emendado, louco, oco e caótico, onde o tempo não tem tempo. Escuta-se no deserto os murmúrios de uma multidão, mas olhando ao redor, vejo que só existe mesmo a mim e minha enorme cabeça, cheia de pensamentos freneticamente sinuosos e constantes, quando não, são ondas quebradas em alto mar.  
Uma alergiazinha(zona) aqui, cabelos cheios de teias de aranha ali, sacos e mais sacos de lixo para ainda serem postos na rua acolá; cansaço! E aqui,  as costas gritam de dor; o trabalho foi pesado mesmo, sempre é. De forma contrária, limparia sempre minha despensa e assim ela perderia sua razão de ser. O que não vejo como algo bom, porque eu preciso ter onde guardar as coisas que penso, em um momento presente, que, talvez, venham a me servir. E, às vezes, preciso, na maioria das vezes. Por isso que esses espaços são geniais. Não me imagino sem a possibilidade de fazer armazenamento e sem poder utilizar esse recurso de busca e recuo que movimenta todo o sistema da minha personalidade transitória regularmente irregular. 
 Depois, de revirar a mim de cabeça para baixo, e levar os sacos de lixo à rua... segue um banho de diva, com pétalas de rosas, shampoo top e sabonete cheirozão, claro! Com direito a cantoria e tudo. Ah, e depois um hidratantezinho, para retirar a sequidão deixada pela poeira na pele, também cai bem. Só que venhamos e convenhamos, limpar a despensa representa exaustão! Perde-se horas para deixar tudo um brinco e quando terminamos, já tem-se na consciência que "alegria de pobre dura pouco" e que foi só um lance do momento, só uma organizada no espaço para dar mais espaço para outras coisas. Muito embora, seja uma delícia ver descer pelo ralo pedaços de você, que já não são tão seus, dissolvidos em água que correm em seu fluxo. Embora, massagear os pensamentos com as pontas dos dedos seja revigorante, é doloroso jogar alguma coisa de nossos afetos fora, além do mais, os túneis do tempo nos levam a lugares sombrios. Tá certo que esses conectores também trazem à consciência divertidas recordações, mas no geral, é mais provável que causem sustos e arrepios. Depois, nos lançam no presente e, impactados, fazemos pactos conosco, prometendo a nós mesmos que seremos pessoas Y em vez de X e que é até melhor ser Z, mas X, jamé 
O espaço de tempo concedido a mim para uma conversa com ela, hoje, vai em direção a uma grande descoberta. A questão é que, sempre que nos lançamos ao deserto de nós mesmos, tudo assume qualidade de água e se torna tangível como o vento. Estivemos nos falando, e não sei se a somatização foi revertida ou gerada durante e depois das viagens feitas na despensa. Sei que a razão da Srta. Emoção, apaixonada pelo viver, lhe é tudo ou quase nada. E o corpo padece com seu caminhar labiríntico pela rua com o povo e pelo deserto de si, onde as paredes se reduzem a pó, grãos de areia fina que se cruzam e perdem pelo ar, que voam e constroem dunas em direções diversas, que vão de encontro às aguas para então repousar na dissolução das profundezas, podendo, assim, fazer parte de mais uma aventura cíclica; corrente de solução. O fluxo vai e, escorre pelo ralo. Água: móbile efetivo de renovação. 

L.L.